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segunda-feira, 20 de abril de 2009

Em um toque

Em um pequeno vilarejo, cercado por montanhas e vales floridos, vivia um jovem chamado Samuel. Ele era conhecido por sua sensibilidade em observar o mundo ao seu redor. Desde pequeno, ele acreditava que as pessoas possuíam um brilho especial, algo que não se via nos olhos, mas no jeito de viver, no impacto que causavam nas vidas dos outros.

Certo dia, Samuel cruzou com um viajante que descansava sob a sombra de uma figueira. O homem tinha uma aura diferente, uma tranquilidade que chamava atenção. Intrigado, o jovem começou a observar cada gesto dele, o modo como sorria para quem passava, como ouvia com paciência as histórias contadas pelos moradores do vilarejo. Sem perceber, Samuel estava aprendendo com aquele desconhecido.

Os dias passaram, e o viajante seguiu seu caminho, deixando em Samuel uma mistura de admiração e vazio. Ele se perguntou por que pessoas como aquele homem eram tão raras. Sentia falta da inspiração que ele havia trazido. Foi então que percebeu algo importante: o exemplo do viajante não tinha partido com ele. Ficara ali, nos pequenos atos que Samuel agora reproduzia em seu dia a dia.

O jovem decidiu que, se não podia encontrar mais pessoas como aquele viajante, ele mesmo tentaria ser essa presença para os outros. Embora se sentisse pequeno diante da grandiosidade do exemplo que havia recebido, começou a se esforçar para ouvir mais, sorrir mais, compreender mais. Cada gesto era uma tentativa de manter vivo o brilho que tanto o havia inspirado.

Nem sempre foi fácil. Samuel enfrentou dias de desânimo, momentos em que suas próprias fraquezas pareciam mais fortes do que qualquer vontade de fazer a diferença. Houve lágrimas, cansaço e até a tentação de desistir. Mas ele se lembrava da serenidade do viajante e do impacto que ela causara em sua vida. Era essa lembrança que o motivava a continuar.

À medida que os anos passavam, Samuel percebeu algo incrível: seu esforço não era em vão. As pessoas ao seu redor começavam a mudar, pequenas transformações aconteciam. Uma criança que antes parecia solitária agora se aproximava mais das outras. Um vizinho que nunca sorria passou a cumprimentar os moradores do vilarejo com um aceno gentil.

Samuel entendeu que não precisava ser perfeito para inspirar. Bastava seguir em frente, mantendo o coração aberto e o desejo sincero de espalhar o bem. Ele também percebeu que, embora tivesse começado sua jornada inspirado por alguém, agora era ele quem inspirava outros a trilhar o mesmo caminho.

No final, o jovem se deu conta de que o viajante deixara um legado, um círculo virtuoso que crescia a cada nova pessoa tocada por sua presença. E, assim, Samuel seguiu sua vida, sabendo que a verdadeira força estava no amor e na simplicidade de viver para fazer o mundo ao redor um pouco melhor.