No topo de uma montanha íngreme e isolada, erguia-se uma casa peculiar. Não era uma parada para alpinistas exaustos nem um refúgio sazonal de férias para famílias abastadas. Sua aparência simples escondia um segredo profundo, e seu propósito intrigava qualquer um que ousasse imaginar sua existência.
A casa não era grande, mas também não era pequena; tinha o tamanho exato para abrigar o essencial. E o mais curioso: suas paredes não eram decoradas com móveis luxuosos ou quadros valiosos. O que chamava a atenção eram as inúmeras portas e janelas. A construção parecia um convite permanente, aberta para o mundo ao seu redor e inundada por uma luz que parecia mais pura e vibrante do que em qualquer outro lugar.
Lá vivia um homem. Ninguém sabia seu nome, e poucos haviam cruzado seu caminho. Não era um eremita que buscava a solidão; pelo contrário, a casa cheia de entradas revelava que ele ansiava por conexões. As janelas amplas, que permitiam a entrada constante da luz, mostravam que ele não havia escolhido a escuridão.
Para ele, riqueza e pobreza eram conceitos irrelevantes. O que tinha era o suficiente. Ali, naquele espaço humilde mas perfeito, ele se dedicava a uma tarefa incomum: produzir algo que não podia ser tocado, algo que escapava às mãos e ao olhar distraído de muitos. Ele produzia sabedoria.
Todos os dias, ele se sentava diante de uma das janelas e observava o mundo. Via o nascer e o pôr do sol, ouvia os ventos sussurrarem segredos nas árvores e sentia o tempo passar sem pressa, como um rio que flui naturalmente. Ele acreditava que a maior riqueza era essa: enxergar o mundo em toda a sua plenitude, com os olhos da alma abertos.
Embora estivesse só, ele não era solitário. Sua solidão era o tipo de solitude que os mestres alcançam ao descobrir um modo único de ver a vida. Sua alegria residia no fato de que, mesmo sozinho, ele tinha o "Todo" ao seu alcance.
Mas, no fundo do seu coração, ele nutria uma esperança silenciosa. Ele acreditava que um dia alguém cruzaria o limiar de sua porta. Esse alguém entenderia o significado de sua espera, compreenderia as razões de suas escolhas e partilharia da mesma visão profunda e amorosa do mundo.
Esse homem vivia no amor. Era o amor que o sustentava nas manhãs frias e o abraçava nas noites estreladas. Era o amor que guiava suas mãos enquanto escrevia, refletia e transformava pensamentos em sabedoria.
E então, ele continuava esperando. Não com ansiedade, mas com serenidade. Porque sabia que, quando esse alguém chegasse, compreenderia que nunca esteve só. Afinal, as portas e janelas estavam sempre abertas, e a luz nunca deixava de entrar.
Abraços de Luz!
* Sempre em algum lugar há alguém que te espera e quer dividir com você o mais precioso dos tesouros.