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segunda-feira, 11 de maio de 2009

No alto da Montanha

No topo de uma montanha íngreme e isolada, erguia-se uma casa peculiar. Não era uma parada para alpinistas exaustos nem um refúgio sazonal de férias para famílias abastadas. Sua aparência simples escondia um segredo profundo, e seu propósito intrigava qualquer um que ousasse imaginar sua existência.

A casa não era grande, mas também não era pequena; tinha o tamanho exato para abrigar o essencial. E o mais curioso: suas paredes não eram decoradas com móveis luxuosos ou quadros valiosos. O que chamava a atenção eram as inúmeras portas e janelas. A construção parecia um convite permanente, aberta para o mundo ao seu redor e inundada por uma luz que parecia mais pura e vibrante do que em qualquer outro lugar.

Lá vivia um homem. Ninguém sabia seu nome, e poucos haviam cruzado seu caminho. Não era um eremita que buscava a solidão; pelo contrário, a casa cheia de entradas revelava que ele ansiava por conexões. As janelas amplas, que permitiam a entrada constante da luz, mostravam que ele não havia escolhido a escuridão.

Para ele, riqueza e pobreza eram conceitos irrelevantes. O que tinha era o suficiente. Ali, naquele espaço humilde mas perfeito, ele se dedicava a uma tarefa incomum: produzir algo que não podia ser tocado, algo que escapava às mãos e ao olhar distraído de muitos. Ele produzia sabedoria.

Todos os dias, ele se sentava diante de uma das janelas e observava o mundo. Via o nascer e o pôr do sol, ouvia os ventos sussurrarem segredos nas árvores e sentia o tempo passar sem pressa, como um rio que flui naturalmente. Ele acreditava que a maior riqueza era essa: enxergar o mundo em toda a sua plenitude, com os olhos da alma abertos.

Embora estivesse só, ele não era solitário. Sua solidão era o tipo de solitude que os mestres alcançam ao descobrir um modo único de ver a vida. Sua alegria residia no fato de que, mesmo sozinho, ele tinha o "Todo" ao seu alcance.

Mas, no fundo do seu coração, ele nutria uma esperança silenciosa. Ele acreditava que um dia alguém cruzaria o limiar de sua porta. Esse alguém entenderia o significado de sua espera, compreenderia as razões de suas escolhas e partilharia da mesma visão profunda e amorosa do mundo.

Esse homem vivia no amor. Era o amor que o sustentava nas manhãs frias e o abraçava nas noites estreladas. Era o amor que guiava suas mãos enquanto escrevia, refletia e transformava pensamentos em sabedoria.

E então, ele continuava esperando. Não com ansiedade, mas com serenidade. Porque sabia que, quando esse alguém chegasse, compreenderia que nunca esteve só. Afinal, as portas e janelas estavam sempre abertas, e a luz nunca deixava de entrar.

Abraços de Luz!

* Sempre em algum lugar há alguém que te espera e quer dividir com você o mais precioso dos tesouros. 

quinta-feira, 7 de maio de 2009

“Tão difícil como encontrar um caminho é permanecer nele e chegar até ao seu final”.

“Tão difícil como encontrar um caminho é permanecer nele e chegar até ao seu final.”

Refletir sobre a vida e sua essência principal exige explorar suas nuances e a vastidão de seus temas. A experiência terrena, com sua riqueza e complexidade, oferece ensinamentos valiosos que merecem ser registrados e compartilhados.

Abrir os olhos da alma é um convite para que o sentido das pequenas coisas se revele ao espírito. Essa revelação transcende a lógica da matéria, despertando uma força que muitas vezes é ignorada pela razão. No entanto, enxergar com o coração não acontece por acaso. É um exercício diário que exige, antes, a vontade de querer, e, depois, a coragem de sentir. Quando esses valores se manifestam, eles transformam a percepção e enriquecem a jornada.

É nesse processo que pensamentos ganham forma e propósito, encontrando nas palavras uma organização capaz de trazer clareza e inspiração. Que esses registros possam se tornar um reflexo de algo maior, um estímulo à busca por caminhos mais iluminados.

O ser humano é parte de um universo vasto, em constante busca de harmonia com o cosmos que o envolve. Ao mesmo tempo que se dirige para o seu Sol interior, ele anseia por alcançar uma Estrela ainda mais esplendorosa. Essa dualidade de movimentos reflete o crescimento como espíritos eternos, um avanço simultâneo no plano interno e no externo.

Contudo, quando há desvios da rota em direção ao Sol, todo o equilíbrio se perde. É nesse ponto que surgem as ilusões, e o erro se manifesta tanto no objetivo visível quanto na essência invisível. Ao perceber o engano, grandes mudanças se tornam inevitáveis, afetando não apenas a individualidade, mas também tudo ao redor.

As transformações, embora necessárias, não são fáceis. Carregam dores, individuais e coletivas. Entretanto, o sofrimento é parte do processo de aprendizado, por mais desafiador que possa parecer. Ele ensina, prepara e fortalece para enfrentar as tempestades da vida. Aqueles que se recusam a encarar os desafios acabam se tornando ainda mais vulneráveis às adversidades.

Há também o caminho dos pequenos espinhos: um percurso de dores menores, mas constantes, que evita quedas maiores no futuro. Toda iluminação exige um combustível, uma força capaz de fazer a luz surgir. Essa força está na coragem de enfrentar tanto o mundo exterior quanto os dilemas internos.

A estrada da evolução não se encontra apenas fora, mas também dentro de cada um. É impossível caminhar em direção a algo maior sem primeiro reconhecer e acolher aquilo que há de menor em si mesmo.

A maior tristeza surge quando alguém encontra a fórmula, mas não consegue segui-la. Essas pessoas deixam de viver na ilusão, mas se aprisionam na derrota de si mesmas. E, nesses casos, apenas o tempo pode atuar como professor, trazendo novos aprendizados.

Por isso, a frase inicial ganha ainda mais significado: “Tão difícil como encontrar um caminho é permanecer nele e chegar até ao seu final.”

A jornada humana é desafiadora. Mesmo com os recursos à disposição, muitas vezes falta a sabedoria para utilizá-los corretamente. Por isso, valores como ponderação, humildade, paciência, fé, perseverança e amor são indispensáveis. São como jóias preciosas, escondidas em meio à simplicidade, mas que têm o poder de iluminar os caminhos.

Não desista. A busca vale a pena.