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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

O processo no discurso

Minha esposa sempre comenta que eu uso a palavra "processo" com frequência, seja no trabalho, na academia, na política, em palestras, debates ou aulas. E, ao refletir sobre isso, percebo que esse termo surge frequentemente porque a proposta desses encontros não é apenas transmitir um conteúdo, mas provocar uma reflexão. Aqui, conectamos ideias que partem de uma visão pessoal e, ao mesmo tempo, se expandem pelas experiências do outro, criando um caminho para descobrirmos algo novo, algo ainda inexplorado.

É essa troca que configura o "processo": uma série de ações interligadas, com o objetivo de alcançar um resultado, como define o dicionário Michaelis. Não se trata de uma fórmula rígida, de uma lógica única onde dois mais dois sempre são quatro. Ao contrário, é uma construção contínua, onde o produto final reflete as características do material usado — que, nesse caso, são as experiências e percepções de cada participante. A equação pode envolver números como cinco, dez ou mil, mas o resultado desejado será sempre o mais próximo de um entendimento profundo, algo como o "quatro" mencionado anteriormente.

E é aí que entra a verdadeira beleza do processo: o resultado não é imposto de fora para dentro. Ao contrário, ele emerge de dentro de cada um, de acordo com a forma como os participantes utilizam os instrumentos que suas próprias experiências permitem. Essa abordagem torna o aprendizado mais seguro, mais duradouro e, principalmente, mais autêntico.

Ao entender que estamos iniciando um processo de busca, reflexão e construção do conhecimento, convidamos o outro a se envolver. A proposta não é só compreender novos caminhos, mas perceber que esses caminhos sempre estiveram ali, esperando para serem descobertos.

É como o aforismo grego "Conhece-te a ti mesmo", gravado no Templo de Apolo em Delfos, que destaca a importância da introspecção. O processo de conhecimento é, no fundo, uma jornada de imersão no próprio ser, de exploração das potencialidades internas e aplicação dessas descobertas na vida cotidiana.

Não estamos sugerindo que nascemos sabendo tudo. Mas acredito que todos já trazem em si uma infinidade de potencialidades. O que precisamos é despertar essas qualidades — e o processo de despertar será único para cada pessoa, já que todos temos experiências e histórias próprias.

Portanto, o que propomos é um verdadeiro "processo" de ação sistemática. O objetivo é que cada um identifique e se aproprie das ferramentas e exemplos oferecidos, acessando, assim, um conhecimento mais profundo que vem de dentro para fora.