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sexta-feira, 25 de abril de 2008

Pausa para Marchar

A vida, em sua dinâmica imprevisível, muitas vezes nos conduz por caminhos que parecem promissores, mas que, com o tempo, revelam-se ilusórios. O desejo de conquistar, de experimentar, de alcançar novos horizontes nos impulsiona, mas também pode nos afastar do que realmente dá significado à existência. Como, então, reconhecer aquilo que, de fato, tem valor?

Em diferentes fases da vida, nossas perspectivas mudam. Na juventude, a empolgação com as possibilidades e a sensação de tempo abundante podem levar a um adiamento da reflexão sobre questões mais profundas. Na fase adulta, as responsabilidades se impõem, ocupando a mente com urgências que deixam pouco espaço para perguntas essenciais. E, na maturidade, muitas vezes olhamos para trás e percebemos o que poderia ter sido vivido com mais consciência. O tempo segue seu curso e, se não paramos para questionar, corremos o risco de perceber tarde demais que não nos dedicamos ao que realmente importa.

Por que estamos aqui? O que realmente nos preenche? Nossas escolhas refletem o que valorizamos de verdade ou apenas seguimos o fluxo da rotina?

Nem sempre é fácil encontrar essas respostas. O mundo nos envolve com suas demandas, seus apelos constantes, e é comum que apenas em momentos decisivos nos detenhamos para olhar para dentro. Mas, independente do momento da vida em que estejamos, há sempre espaço para a reflexão.

Se pudéssemos dedicar mais tempo a esse exercício, talvez víssemos com mais clareza o impacto de nossas decisões. Nossos relacionamentos seriam mais genuínos, nossas prioridades estariam mais alinhadas com aquilo que nos realiza de verdade. Mas a vida não se constrói apenas no pensamento — ela se manifesta na ação. E, à medida que nos colocamos disponíveis para contribuir, as oportunidades de fazer a diferença se apresentam.

A construção de um mundo mais equilibrado e significativo pode parecer um ideal distante, mas ela começa nas pequenas escolhas cotidianas. Quando buscamos agir com mais consciência e propósito, percebemos que cada atitude, por menor que pareça, tem o potencial de transformar o caminho adiante.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Canto do Mosteiro

No silêncio dos jardins floridos de uma prisão de portas abertas,
o monge encontra-se só, mesmo no meio dos irmãos.
Não lhe é permitido expressar por palavras as ideias,
em forma de oração se unem as suas mãos.

Não lhe é imposta a ação da penitência,
mas aceitar as leis do local, que não foi fácil alcançar.
No hoje, vive um não entendimento do ontem,
e a quem pensava pertencer, não se deixa enganar.

O corpo se alimenta ao respirar o ar puro.
A criança de inspiração plena renasce para amar.
A expiração elimina o lixo, trazendo o equilíbrio,
e o encontro do Eu vai-lhe transformar.

A escuridão do interior se abre para a luz,
a loucura do desconhecido invade o espírito.
Ao inverter a polaridade que conduz,
a batalha exige entendimento infinito.

A resposta da questão é única e pura.
Para falar, não há forma ou expressão.
O caminho é uníssono na escrita da vida:
vive o sacrifício e alcança a libertação.

Para o monge que leu,
no jejum da alma,
o silêncio das estações ensurdeceu,
e o mal morreu na calma.