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sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Doce e encantador olhar

O amor, em suas expressões mais profundas, encontra na família sua origem e seu ápice. Em meio às provações e superações da vida, ela é a maior preciosidade que possuímos, um refúgio que alimenta o espírito e o coração.

A razão iluminada dos pais, a cumplicidade entre irmãos e o abraço caloroso de quem nos estende a mão nos momentos de necessidade são pilares que fortalecem o lar. A presença dos cônjuges, que compartilham sonhos e lutas, traz à existência o equilíbrio e a doçura que sustentam os desafios cotidianos. Os filhos, com suas esperanças e aprendizados, são o legado vivo que impulsiona a vida para o futuro. E os netos, com sua energia e pureza, renovam as forças e enchem os dias de alegria e significado.

Esses laços, mais do que sanguíneos, são construídos pela força do amor, um sentimento que transcende diferenças e aproxima corações. Como é valiosa a oportunidade de reunir-se, de compartilhar conversas em torno de uma mesa, de criar memórias simples e eternas que reforçam os vínculos e tornam a vida mais plena.

Em tempos de dispersão, de pressa e desconexão, falar da importância da união familiar é essencial. O afastamento físico, ainda que doloroso, jamais deve enfraquecer os laços forjados no afeto e no respeito. Quando o amor é genuíno, ele se manifesta além das distâncias, mantendo os corações entrelaçados pela força do bem-querer.

Que o Supremo Inspirador, fonte de todas as bênçãos, guarde e fortaleça as famílias, ajudando-as a florescer em harmonia e paz. E que cada palavra de carinho e esperança alcance aqueles que buscam uma convivência mais plena e verdadeira.

Contemplar a família, em sua essência, é perceber o quanto somos privilegiados por partilhar este tempo com aqueles que tornam a jornada da vida mais doce, completa e significativa.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Em sua palavras

Em um vilarejo distante, cercado por montanhas e florestas, vivia um jovem chamado Elias. Ele era conhecido por sua bondade, mas também por carregar uma tristeza que nunca conseguia explicar. Sua vida era simples: trabalhava nos campos durante o dia e passava as noites contemplando as estrelas, buscando respostas para as perguntas que sempre o inquietavam.

Certa noite, enquanto olhava o céu, Elias viu uma estrela brilhar de forma incomum. Ela parecia mais próxima, quase como se estivesse viva, pulsando com uma luz que aquecia seu coração. Sentiu-se atraído e, sem pensar, seguiu o brilho até uma clareira na floresta. Ali, encontrou uma figura serena, envolta em uma aura de luz que parecia tocar cada parte da natureza ao redor.

- Quem é você? - perguntou Elias, sentindo-se ao mesmo tempo assustado e confortado.

- Sou um emissário da Luz. Venho para aqueles que buscam respostas em seus corações. Você tem algo a aprender, Elias. - respondeu o emissário sorrindo.

Curioso e cheio de respeito, Elias escutou enquanto o emissário falava. Ele contou sobre o amor divino, o cuidado de um Mestre que observa cada alma, guiando-a mesmo nas trevas mais profundas. 

- Você nunca está sozinho - disse o emissário. E continuou: 

- A luz que procuras está dentro de você. Quando reconheces isso, torna-se capaz de iluminar o mundo ao seu redor.

Elias refletiu sobre aquelas palavras e, ao fazê-lo, percebeu que sua tristeza vinha de um vazio que ele mesmo alimentava. Ele havia se afastado das pessoas, acreditando que ninguém poderia entendê-lo, mas agora via que seu papel no mundo era ser um elo de luz, alguém que transformaria a tristeza em força e esperança para si e para os outros.

Nos dias que se seguiram, Elias mudou. Começou a ouvir os outros com mais atenção, ajudando os necessitados e compartilhando palavras de bondade. Aos poucos, sua pequena vila também começou a se transformar. As pessoas, inspiradas por seu exemplo, criaram uma verdadeira corrente de luz, onde a bondade e a compaixão eram os elos que uniam todos.

Elias nunca mais se sentiu sozinho. Sempre que olhava para o céu, lembrava-se das palavras do emissário e sentia o amor do Mestre em cada pequeno gesto de bondade que via ao seu redor.

A lição que aprendeu ficou gravada em seu coração: a luz que buscamos está em nosso interior, e ao compartilhá-la, transformamos o mundo em um lugar mais luminoso e cheio de esperança.



sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Religio

A dualidade entre corpo e espírito é um tema que perpassa a história da humanidade. Ao longo dos séculos, tem-se refletido sobre essa interdependência essencial: o corpo sem o espírito não vive, e o espírito, por sua vez, ainda não alcança os mais elevados estágios de consciência sem as experiências materiais em um corpo.

Essa ligação entre os dois planos, desde as mais antigas civilizações, gerou experiências de aprendizado tanto no âmbito individual quanto coletivo, contribuindo para que o sobrenatural fosse um fator relevante na condução dos destinos dos povos.

Espírito e matéria, como partes complementares de um grande processo cósmico, compõem uma agenda ainda pouco compreendida, mas que vem sendo objeto de reflexão durante nossa caminhada na Terra. Este processo será realizado com mais ou menos consciência, dependendo do desenvolvimento dos conhecimentos, que se configuram como ferramentas no nosso progresso.

Essas ferramentas incluem poderes que, embora muitas vezes considerados "mágicos" ou "milagrosos", se revelam como manifestações de leis mais profundas, que transcendem os limites da matéria e nos conectam com o mundo espiritual. Curiosamente, essas manifestações não são exclusivas de uma cultura ou tempo, estando presentes em diversas tradições e expressões humanas ao longo da história. Xamãs, bruxos, médiuns, santos e outras figuras espirituais têm sido os porta-vozes desses fenômenos. Pessoas dotadas de uma sensibilidade única para compreender os elementos invisíveis e transformar a realidade ao seu redor.

Esses indivíduos especiais, muitas vezes enviados pelos administradores celestes, desempenham um papel crucial no processo de evolução espiritual da humanidade. Suas ações e exemplos, embora possam demorar a ser compreendidos, são necessários para despertar nos corações humanos a possibilidade de uma vida mais plena e conectada com o divino.

Nesse mesmo propósito se manifesta a religião como uma escola de aprendizado espiritual. Seu objetivo primordial é desenvolver a percepção do que está além da matéria, promovendo a harmonia necessária para libertar a humanidade da ignorância e ajudar cada ser humano a viver em paz consigo mesmo e com os outros. No entanto, a religião também está sujeita à interpretação e ao uso humano, o que muitas vezes resulta em dominação e exploração.

A verdadeira essência da religião, que deve buscar a elevação do espírito, acaba, por vezes, sendo obscurecida pela visão limitada de muitos, tornando-se um instrumento de controle, em vez de transformação. Por isso, é fundamental que se reconheça a necessidade de evolução da religião, para que, com o tempo, ela se torne uma força ainda mais potente de crescimento humano.

Para aqueles que se consideram religiosos, a reflexão deve ser sobre o propósito de sua crença. A verdadeira missão de toda religião é ajudar o ser humano a evoluir, tornando-o melhor, mais amoroso e mais consciente. No entanto, é importante compreender que a crítica e a intolerância religiosa nunca devem ser utilizadas. Cada crença tem o seu papel na jornada espiritual de cada indivíduo, e todas as religiões existem por um propósito que vai além da simples diferença entre elas.

O conflito entre as religiões não está na religião em si, mas na forma como algumas pessoas utilizam as doutrinas, frequentemente à margem do que elas realmente significam. O tempo, porém, sempre é um professor que corrige os equívocos, cabendo, para o agora, o respeito ao aprendizado individual e coletivo. Só assim garantimos que o sagrado amadureça, independentemente da crença de cada um.

Por fim, ao refletir sobre a religião e a espiritualidade, é importante lembrar que não existe uma religião "melhor" do que a outra. Cada ser humano é guiado por um propósito espiritual único, e, muitas vezes, esse propósito nos leva a diferentes caminhos, conforme as necessidades e responsabilidades espirituais que temos a cumprir. Se uma pessoa encontra sua missão em uma determinada religião, isso deve ser respeitado, pois as portas se abrem conforme o espírito é guiado para onde deve ir.

A verdadeira vitória, portanto, não é aquela que advém de um dogma ou de uma crença imposta, mas a vitória da luz, da sabedoria e da paz. A vitória que advém da união e do entendimento entre todas as criaturas, independentemente das suas diferenças, sendo sempre guiados pelo princípio maior da verdade espiritual.

Essa é a vitória que todos devemos buscar.


Muita Paz!
Um grande e fraterno Abraço,

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Lições de amor

Eleonor era uma jovem que vivia em uma grande cidade, um lugar vibrante e cheio de pessoas, mas que, ainda assim, se sentia profundamente sozinha e incompreendida. A cidade, com suas ruas movimentadas e suas luzes brilhantes, parecia estar sempre em movimento, mas, por dentro, Eleonor sentia um vazio que nada ao seu redor parecia preencher. Ela andava pelas ruas lotadas, mas parecia estar em outro lugar, distante, em um mundo paralelo onde suas perguntas e angústias ecoavam sem resposta.

Embora cercada de tantas pessoas, o que mais a perturbava era a sensação de estar perdida, como se ninguém conseguisse entender as perguntas que pulsavam em seu coração. "Qual é o meu caminho? O que eu realmente quero da vida?" pensava constantemente. Sentia como se estivesse buscando algo, mas não sabia exatamente o quê. E, ao mesmo tempo, havia o medo de errar. Como poderia encontrar o seu caminho entre tantas vozes e expectativas?

Numa noite silenciosa, após mais um dia de frustração e solidão, Eleonor adormeceu, buscando descanso para sua mente cansada. Foi então que, em seu sonho, ela encontrou a avó Antônia, uma mulher que já havia partido há anos, mas que ainda vivia em seu coração como uma presença constante e reconfortante.

No sonho, Eleonor se viu em uma casa acolhedora, com o cheiro familiar de café recém-passado e o calor das memórias que preenchiam o ambiente. A avó Antônia estava sentada em uma cadeira de balanço, com seu olhar sereno e aquele sorriso tranquilo que sempre transmitia uma sensação de paz. Ao vê-la, Eleonor sentiu uma calma instantânea, como se tivesse encontrado, finalmente, o lugar ao qual pertencia.

- Você parece perdida, minha querida neta, disse Antônia, com a suavidade que só ela tinha. - Por que essa tristeza em seus olhos?

Eleonor, com o coração apertado, respondeu:

- Eu me sinto tão sozinha, vó. A cidade é cheia de pessoas, mas ninguém parece entender o que eu sinto. Ninguém parece ver o que está acontecendo dentro de mim. Eu não sei qual é o meu caminho, e tenho medo de cometer erros. Como posso aprender se não sei por onde começar?

Antônia olhou com ternura para a neta e, com a leveza que sempre a caracterizou, falou:

- A solidão que você sente não é um castigo, minha filha. Ela é uma oportunidade para você se encontrar. Às vezes, precisamos estar sozinhos para ouvir o que realmente vem de dentro de nós, longe das pressões externas e da opinião dos outros. O erro, minha querida, é parte de nossa jornada. Não tema errar, pois são os erros que nos ensinam e nos moldam. Se você nunca errar, como poderá saber o que realmente deseja? Como saberá quem você é sem aprender o que não é?

Eleonor ouviu aquelas palavras e, de alguma forma, sentiu uma paz profunda invadir seu ser. A avó sempre soubera como fazer as palavras se encaixarem de maneira suave em seu coração, como uma melodia que trazia alívio para sua alma.

- E quando as pessoas não me entendem, vó? perguntou Eleonor, com um fio de tristeza na voz. - Quando sinto que sou vista apenas pela superfície, mas não pelo que realmente sou?

Antônia sorriu, como se já soubesse a pergunta que viria, e respondeu:

- Entenda, minha neta, que muitas vezes as pessoas não conseguem nos entender porque ainda não têm o olhar aberto para o que há além daquilo que vemos. Mas isso não significa que você está errada, ou que o que você sente não importa. O que importa é a sua verdade, e o que você faz com ela. Não se prenda aos julgamentos, pois são apenas reflexos das limitações de quem os faz. O mais importante é você nunca se perder de si mesma, nunca deixar que a dor da incompreensão a faça desistir do que você acredita ser certo.

Eleonor sentiu um alívio imenso ao ouvir aquelas palavras. Algo dentro de si parecia se reorganizar, como peças de um quebra-cabeça finalmente encontrando seu lugar. Ela entendia que sua jornada não precisava ser perfeita, mas que o mais importante era ser verdadeira consigo mesma, aprender com os próprios erros e seguir com confiança, mesmo quando o mundo à sua volta não compreendesse.

- Eu não quero ser como os outros, vó! disse Eleonor, com uma expressão determinada. - Eu quero ser eu mesma, crescer e aprender, e um dia, quem sabe, ajudar alguém com a minha experiência, da mesma forma que você me ajudou agora.

Antônia sorriu com orgulho e carinho.

- Esse é o caminho, minha filha. Cresça com amor, com a verdade no coração, e com o desejo de fazer o bem. O seu crescimento não é apenas para você, mas para o bem de todos ao seu redor. E, lembre-se sempre, que você nunca estará sozinha quando agir com o coração puro.

Quando Eleonor acordou, sentiu a presença de sua avó ainda ali, como um abraço acolhedor que não a abandonava. Ela sabia que a vida na grande cidade continuaria cheia de desafios e de momentos de solidão, mas agora sentia que tinha algo mais importante: a compreensão de que a solidão não era um castigo, mas uma oportunidade de crescer. A dor da incompreensão se transformava em um aprendizado, e os erros, longe de serem temidos, passavam a ser vistos como trampolins para o amadurecimento.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Lentes do Eterno (parte 2)

Você já parou para refletir sobre a beleza do dia que se abre diante de seus olhos? A natureza, com sua sabedoria silenciosa, nos ensina a cada instante, mas muitas vezes nos perdemos em meio ao ritmo frenético da vida cotidiana e esquecemos de observar a grandeza do que está ao nosso redor.

Imagine por um momento o que seria da nossa existência sem os seres que, silenciosamente, colaboram para que possamos viver. O que seria de nós se as árvores não estivessem incessantemente restaurando o oxigênio que respiramos, ou se os pássaros não equilibrassem com os insetos a harmonia necessária para o bom desenvolvimento das nossas lavouras? O que seria da nossa alimentação, da nossa saúde, da nossa vida? E, mais importante ainda, o que seria de nossa alma sem a presença acolhedora do Sol, que aquece e revigora a todos, indistintamente, promovendo o ciclo da vida?

Esses elementos tão fundamentais e, muitas vezes, despercebidos, são os pilares invisíveis sobre os quais nossa vida repousa. São gestos de amor e dedicação do universo, da natureza, de seres que cumprem sua missão sem esperar reconhecimento. E, no entanto, somos tão rápidos em reclamar ou nos queixar quando algo nos falta.

Quando olhamos para nossa vida, muitas vezes nos esquecemos de enxergar o todo. Nos perdemos na agitação, no vazio das preocupações, e deixamos de perceber os milagres que acontecem o tempo todo à nossa volta. Como seria a nossa vida se, ao invés de enxergarmos o mundo como um lugar de escassez e falta, passássemos a vê-lo como um campo de infinitas possibilidades, um campo no qual somos continuamente nutridos, guiados e sustentados? O que seria de nós, seres humanos, sem a energia vital que nos é dada a cada novo amanhecer?

A gratidão é a chave que abre as portas dessa percepção. Ser grato não é apenas um gesto de agradecimento, mas uma forma de se conectar com a própria essência da vida, de reconhecer a abundância que já existe e que muitas vezes nos passa despercebida. Como podemos cultivar a gratidão? A resposta está em viver com intensidade, em abraçar cada momento como uma dádiva. Quando vivemos intensamente, não só damos valor àquilo que nos é dado, mas também nos tornamos mais conscientes do impacto que nossas ações têm sobre o mundo. O sorriso sincero, a palavra de carinho, o olhar atento ao próximo – todos esses gestos simples são, na verdade, poderosas manifestações de gratidão.

Viver intensamente não significa viver apressado ou em busca incessante de algo fora de nós, mas sim estar presente em cada instante, em cada respiração. É sentir o calor do abraço e fazer dele um gesto de amor, é olhar para as pessoas ao nosso redor com um coração aberto e cheio de compaixão, é fazer de cada palavra, de cada sorriso, uma semente plantada no solo do bem. Ao viver dessa forma, começamos a perceber a luz que reside em nós e ao nosso redor, e isso transforma nossa percepção da vida.

No entanto, a gratidão não é apenas uma emoção passageira, mas uma atitude constante. Ela exige que nos abstenhamos de julgar as circunstâncias externas, pois elas, por mais desafiadoras que sejam, são apenas parte da jornada. O verdadeiro aprendizado vem de dentro, vem da capacidade de aceitar os erros, de abraçar as falhas como oportunidades de crescimento. Quando nos libertamos do medo de errar, quando nos permitimos ser vulneráveis, nos tornamos mais autênticos e mais capazes de reconhecer a beleza das imperfeições da vida.

Por isso, ao sair de casa, lembre-se: cada gesto de carinho é um reflexo do quanto você tem a agradecer. Um simples "bom dia", um abraço, um sorriso compartilhado – todos esses gestos reverberam no universo, criando ondas de luz e amor que se espalham para além de nós mesmos. O que acontece quando vivemos assim? Quando transformamos nossas ações cotidianas em gestos de gratidão e de luz? Começamos a ver o mundo de uma forma diferente, mais suave, mais cheia de significado. Cada pessoa que cruzamos em nosso caminho se torna um reflexo de nossa própria alma, e cada ação nossa, por mais simples que seja, se torna uma expressão do que é mais elevado em nós.

A vida não é um acaso. Cada encontro, cada desafio, cada sorriso que damos e recebemos tem um propósito. À medida que começamos a perceber isso, entendemos que somos todos parte de algo maior, de uma grande rede de interconexões que nos sustentam e nos elevam. E quando compreendemos isso, podemos agir com mais amor, mais respeito e mais gratidão, reconhecendo que a nossa missão não é acumular, mas sim compartilhar, dar e servir.

Portanto, respire fundo. Olhe para o céu, para as árvores, para as pessoas ao seu redor. Sorria. Porque, na verdade, o maior presente que podemos oferecer a nós mesmos e aos outros é a gratidão. E ao viver com gratidão, nos tornamos verdadeiros faróis de luz, irradiando o bem, a paz e a harmonia, fazendo de cada dia uma oportunidade de crescimento, aprendizado e serviço ao próximo.

O vencedor não é aquele que conquista mais, mas aquele que percebe que a verdadeira vitória está em servir com o coração puro, em dar e em ser grato por tudo o que a vida nos oferece. Oxalá possamos todos aprender a ver a vida dessa forma, como uma jornada de luz, de amor e de infinitas possibilidades.

Abraços de Luz!

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Aprendendo juntos

Certa vez, enquanto o sol se punha, o neto se aproximou do avô, que estava sentado em sua cadeira de balanço, olhando para o horizonte e perguntou:

— Vô, como você consegue enfrentar os desafios da vida com tanta serenidade? — perguntou o neto, com um misto de curiosidade e dúvida.

O avô sorriu suavemente e, após um momento de silêncio, respondeu com calma:

— Meu querido, nem sempre fui assim. Quando era jovem como você, também tive meus medos e incertezas. Muitas vezes me senti perdido, e ainda hoje tenho muito a aprender. Mas, com o tempo, percebi que cada dificuldade traz uma lição, e que a vida nos ensina no momento certo, se estivermos dispostos a ouvir.

O neto olhou para o avô, intrigado.

— E como eu posso aprender, vô? Como posso encontrar meu caminho?

O avô suspirou e fitou o horizonte.

— Eu descobri que não há uma resposta única. Mas uma coisa aprendi: nunca estamos sozinhos. Há sempre algo a nos guiar — um amigo, um conselho, uma experiência que nos transforma. Aprendi a me permitir errar, porque os erros são parte do crescimento. Aprendi a ouvir mais do que falar, porque cada pessoa tem algo valioso a ensinar.

O neto ouviu atentamente, sentindo as palavras do avô ecoarem em seu coração.

— Mas e quando tudo parecer difícil? — perguntou o neto, com um leve tom de preocupação.

O avô sorriu e segurou a mão do neto com carinho.

— Nesses momentos, meu pequeno, respire fundo e lembre-se de que a vida não exige perfeição, apenas coragem para continuar. Nem sempre teremos todas as respostas, mas podemos aprender a caminhar com confiança, mesmo sem enxergar todo o caminho. E sempre que precisar, estarei aqui para caminhar ao seu lado.

O neto sentiu uma onda de calor e conforto envolver seu coração. Ele olhou para o avô e viu, não um homem que sabia tudo, mas alguém que estava sempre disposto a aprender e compartilhar sua jornada.

— Obrigado, vô. Quero aprender com você.

O avô sorriu novamente, com ternura.

— E eu quero aprender com você, meu neto. Juntos, descobriremos muito mais.

E assim, sob o céu dourado do entardecer, o avô e o neto permaneceram juntos, compartilhando sabedoria e carinho, unidos por um laço que cresceria com cada nova descoberta.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Palavras Positivas

As palavras possuem um poder que muitas vezes subestimamos. Elas podem ser fontes de vida, promovendo crescimento, cura e união, ou instrumentos de destruição, causando dor, separação e até danos irreparáveis. O impacto de nossas palavras vai além do que imaginamos, gerando frutos que retornam para nós, bons ou ruins.

O poder das palavras transcende a simples comunicação verbal. Elas são capazes de moldar realidades, não apenas no âmbito externo, mas também no interior de quem fala e de quem ouve. Uma palavra encorajadora pode levantar um espírito abatido; uma crítica impensada pode esmagar um coração já fragilizado.

Palavras positivas não são meras teorias de felicidade ou discursos vazios sobre bem-estar. Elas têm origem em um alicerce profundo, que transcende a lógica limitada de uma humanidade ainda marcada por disputas triviais. São palavras que ecoam da alma, carregando um propósito maior e uma essência que não busca aplausos ou reconhecimento. Elas não existem para elevar quem as diz, mas para semear ideais que pertencem a algo muito maior do que nós mesmos. São missivas que, ao serem compartilhadas, multiplicam luz, esperança e amor.

É importante entender que as palavras não surgem isoladas. Elas são precedidas por intenções e sentimentos. O que cultivamos em nosso coração inevitavelmente será expresso pela língua. Nesse sentido, palavras positivas e edificantes só podem ser verdadeiramente eficazes se forem acompanhadas de intenções puras e de um alinhamento com o bem.

Quando brotam do coração, ou até mesmo do âmago da alma, as palavras positivas revelam um poder transformador. Elas ensinam, confortam, alertam e incentivam, sempre com a intenção genuína de promover o bem. São palavras que não destroem, mas salvam, protegem, amparam e esclarecem, guiando aqueles que as recebem em direção a uma existência mais plena e significativa.

O amor que permeia essas palavras não é o amor superficial confundido com desejos efêmeros. Trata-se de um amor puro, semelhante à inocência e à lealdade de uma criança que expressa afeto sem reservas. É o amor que encontramos na natureza, em sua simplicidade e grandiosidade, e que reside dentro de cada ser humano, mesmo que, às vezes, esteja adormecido.

Além disso, nossas palavras carregam uma energia que é sentida por aqueles que as recebem. Essa energia pode ser positiva, como um bálsamo que consola e fortalece, ou negativa, como um fardo que oprime e enfraquece. Palavras verdadeiramente positivas, aquelas que promovem vida, estão imbuídas de amor, empatia e sinceridade. Elas são proferidas de forma íntima e sincera, muitas vezes ao pé do ouvido, longe de qualquer plateia.

Para vivermos plenamente esse ensinamento, é necessário um trabalho interior constante. Devemos cultivar pensamentos e sentimentos elevados, buscando nos alinhar com valores que promovam o bem. Quando fazemos isso, nossas palavras deixam de ser apenas sons e tornam-se ferramentas poderosas de transformação. Elas nascem da simplicidade de ações que mobilizam as forças mais sutis e poderosas do universo. Ao serem proferidas, carregam a capacidade de transformar corações em estrelas que irradiam luz, alcançando a todos, sem distinção, como o Sol que ilumina o mundo.

Que possamos nos tornar aqueles que proferem palavras assim, capazes de saciar a fome de uma humanidade que anseia por direção e significado. E que, ao buscarmos esse caminho, possamos colher os frutos de uma vida mais harmoniosa e plena, em sintonia com o amor e a luz divina."

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Ciclos de crescimento

Há momentos em que o presente parece carregar um significado profundo, como se revivêssemos cenas familiares repletas de lições ainda não compreendidas. Quando situações se repetem, é natural nos perguntarmos: “Por que sinto que não é a primeira vez que isso está acontecendo?”

A espiritualidade nos ensina que essas repetições não são castigos, mas reflexos do que ainda precisamos aprender: paciência, perdão, desapego, humildade ou amor. Elas são convites misericordiosos para reescrevermos nossa história com mais sabedoria e maturidade.

Esse ciclo envolve não só a nossa evolução, mas também a daqueles que compartilham nossas vidas. A compreensão de que o outro também enfrenta seus próprios desafios e escolhas é fundamental. Podemos oferecer perdão, amor ou reconciliação, mas precisamos respeitar a liberdade do outro de aceitar ou não essas dádivas. Quando isso acontece, devemos compreender e seguir adiante, valorizando nosso próprio progresso sem impor o ritmo do próximo.

As repetições nos mostram aquilo que precisamos trabalhar em nós mesmos. Agir com consciência, atentos aos sinais da vida, nos permite prevenir erros, fortalecer conexões e transformar nosso caráter.

Aceitar o processo de evolução é um ato de amor próprio e de reconhecimento de que estamos em constante construção. Cada esforço consciente nos aproxima da paz interior e da plenitude de sermos quem realmente somos. Assim, as experiências se tornam mestres preciosos, e o ciclo da vida revela sua verdadeira essência: uma oportunidade constante de crescimento e sabedoria.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Doce anoitecer

No silêncio de um quarto iluminado pela luz branda do entardecer, um velho homem repousava em sua cadeira de balanço. Seus olhos, profundos como poços de memórias, contemplavam a paisagem além da janela. Cada ruga em seu rosto contava uma história, e suas mãos, calejadas pelo tempo, seguravam um pequeno livro de capa gasta.

Ali, sentado em sua serenidade, ele recebia visitas daqueles que, ao longo da vida, haviam aprendido com suas palavras e atitudes. Alguns o olhavam com piedade, acreditando que a idade avançada e o corpo enfraquecido fossem sinônimos de sofrimento. Outros, porém, reconheciam nele a luz de um espírito liberto, um homem que havia vivido sem se deixar escravizar pelas paixões efêmeras do mundo material.

Desde jovem, escolhera pautar sua vida pelo amor e pela retidão. Havia enfrentado quedas, dores e desafios que, em muitos momentos, pareceram insuperáveis. Mas nunca se permitira desviar do caminho do bem. Cada obstáculo superado era um degrau rumo à liberdade interior, e essa era sua maior recompensa.

“A carga não me é pesada,” dizia ele aos que o escutavam com atenção. “Pois não permiti que o mal encontrasse morada em meu coração. Se escolhemos carregar espinhos, o caminho será de dor. Mas se cultivamos o bem, criamos asas para alcançar horizontes mais altos.”

Certa vez, um jovem visitante perguntou-lhe o que poderia fazer por ele. O velho sorriu com doçura e respondeu:

“Não me olhe com pena, meu amigo. Não desejo lágrimas, pois minha jornada foi rica e cheia de sentido. Mas se puder, faça uma prece de gratidão a Deus. Essa vibração de amor me fortalecerá e, quando chegar a sua hora de descansar, estarei ao seu lado, retribuindo com carinho essa luz que hoje compartilha comigo.”

O jovem saiu dali transformado. Compreendeu que a verdadeira liberdade não estava na ausência de limitações físicas, mas na leveza da alma. E que, no fim, aquilo que damos ao mundo é exatamente o que recebemos de volta.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Um anjo na Terra

Num pequeno vilarejo, onde o tempo parecia fluir mais devagar, vivia um anjo disfarçado em forma humana. Ele havia sido enviado à Terra com uma missão: compreender os corações dos homens e, através do amor, ajudá-los a encontrar a luz que já carregavam dentro de si. Mas, para cumprir sua tarefa, precisava viver como um deles, sentir suas dores, compartilhar suas alegrias e aprender com suas limitações.

O anjo, que adotou o nome de José e assumiu a aparência de um ancião humilde. No vilarejo, passou a ser conhecido simplesmente como Seu Zé. Ele trabalhava como tecelão, criando belos tecidos que pareciam refletir as cores do céu ao entardecer. As pessoas o admiravam por sua habilidade, mas também por sua bondade. Ele sempre estava disposto a ajudar, seja consertando um telhado, ouvindo as tristezas de um vizinho ou simplesmente oferecendo um sorriso caloroso.

No entanto, Zé sentia uma dor profunda. Ele via a humanidade lutando contra si mesma, presa em ciclos de egoísmo, medo e desconfiança. O amor, que ele conhecia como a força mais poderosa do universo, era raramente praticado em sua forma mais pura. As pessoas falavam sobre amor, mas muitas vezes o confundiam com posse, interesse ou paixão passageira. Ele sabia que o verdadeiro amor era algo maior: era serviço, compreensão e entrega.

Um dia, ele conheceu uma jovem chamada Clara, que vivia à margem da sociedade. Clara era órfã e vivia de pequenos trabalhos, mas carregava um coração generoso. Apesar de suas dificuldades, ela sempre encontrava uma maneira de ajudar os outros, mesmo que isso significasse passar fome. Zé se aproximou dela e começou a ensiná-la a tecer. No início, Clara via Seu Zé apenas como um mestre habilidoso, mas, com o tempo, percebeu que ele era diferente. Ele não apenas ensinava técnicas, mas também compartilhava histórias que falavam de amor, perdão e esperança.

Certa noite, enquanto trabalhavam juntos, Clara perguntou a ele:
— Seu Zé, por que você é tão bom com todos? Por que se importa tanto com pessoas que nem sempre retribuem sua bondade?

Zé sorriu e respondeu:
— Porque o amor não espera retribuição. Ele simplesmente é. Eu estou aqui para servir, para entender vocês e, entendendo, poder compartilhar a luz que habita em mim.

Clara ficou em silêncio, refletindo sobre suas palavras. Ela começou a perceber que o verdadeiro amor não era algo que se buscava fora, mas algo que se cultivava dentro de si. Aos poucos, ela começou a mudar. Passou a ver as pessoas com mais compaixão, a perdoar mais facilmente e a agir com mais generosidade.

No entanto, o anjo sabia que sua missão tinha um preço. Viver entre os humanos significava sentir suas dores. Ele via as lágrimas de Clara quando ela se lembrava de sua solidão, sentia o peso da injustiça que afligia o vilarejo e carregava a tristeza de ver tantas almas perdidas. Uma noite, enquanto olhava para as estrelas, o anjo sentiu uma dor aguda no peito, como se uma espada o atravessasse. Era a solidão de um mundo que ele amava profundamente, mas que ainda não compreendia plenamente. Ele chorou, mas suas lágrimas não eram de desespero, e sim de compaixão.

Com o tempo, Clara se tornou uma tecelã habilidosa e, mais importante, uma pessoa que irradiava amor. Ela começou a ensinar outras pessoas, assim como Seu Zé havia feito com ela. O vilarejo, aos poucos, começou a mudar. As pessoas passaram a se ajudar mais, a compartilhar o que tinham e a ver uns aos outros com mais respeito.

Um dia, Seu Zé se despediu de Clara, dizendo que um dia voltariam a se encontrar. Ninguém sabia para onde ele foi, mas Clara sentia sua presença em cada ato de bondade que via ao seu redor. Ela sabia que ele não havia partido de verdade. Ele continuava ali, no amor que ela e os outros haviam aprendido a praticar.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Um encontro no invisível

Conduzido por mãos invisíveis, a filha em desdobramento espiritual encontra-se com seu amado pai em um recanto tranquilo do plano etéreo. O ambiente era permeado por uma luz suave e diáfana, que se assemelhava ao amanhecer terrestre, mas com um brilho que parecia emanar da própria essência do local.

— Papai, que alegria! Como tenho sentido sua presença como um raio de ternura que me alcança, envolvendo-me e dando-me força para seguir em meu caminho — disse a filha, sua voz emocionada.

— De onde estou, minha filha, tenho orado por você — respondeu o pai com um olhar de amor e dedicação. — Sei que as sente, pois elas partem do amor que sempre vai nos ligar um ao outro.

— E como poderia não senti-las? Sua oração me chega como ondas sutis de luz, reconfortando meu coração. No início, confesso, chorei de saudades. Mas agora compreendo que não há barreiras entre os mundos.

O pai sorriu, emanando uma vibração de ternura.

— Se ao menos pudesse ouvir as palavras que lhe dirijo... 

Após uma pausa, o pai continuou:

— Não nos preocupemos com os destinos, pois eles sempre nos levarão ao lugar certo, no tempo certo. Que Deus nos guie, como sempre tem feito.

— Sim, papai, e este elo que nos une permanece, pois os laços espirituais não se desfazem com a passagem dos dias terrenos. Meu amor por você é eterno.

Houve um instante de silêncio sagrado. A atmosfera ao redor parecia vibrar em sintonia com a conversa, como se o próprio universo testemunhasse aquele encontro.

O pai então estendeu as mãos e, com um gesto delicado, materializou uma flor resplandecente, de um carmim celestial.

— Para você, uma rosa dos jardins celestiais... Receba como símbolo do amor que sempre nos unirá, seja no presente, no passado ou no futuro.

A emoção transbordava sem necessidade de palavras. A filha acolheu a flor com lágrimas rolando em seu rosto, sentindo a felicidade do reencontro. E, em um abraço invisível ao olhar humano, selaram a certeza de que suas almas permaneceriam ligadas, sempre, na jornada infinita da existência.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Sob as estrelas

Estar sob o teto que o Pai bondoso nos oferece é mais que um abrigo físico; é um convite à contemplação do infinito. Diante do céu estrelado, onde incontáveis astros brilham em harmonia, somos levados a refletir sobre a grandiosidade da criação e o lugar que ocupamos nela. As estrelas, com sua luz distante, parecem velar por nós, lembrando-nos de que, mesmo em nossa pequenez, somos parte de um todo maior, conectados por uma força que transcende a matéria.

Nesse contexto, surge um desejo simples, mas profundo: expressar a alegria de existir. Alegria que nasce da percepção de como a vida pulsa em todas as coisas, de formas tão diversas e maravilhosas. Cada detalhe do mundo ao nosso redor parece carregar uma centelha divina. Essas manifestações da vida são como espelhos que refletem a presença do Criador, convidando-nos a reconhecê-Lo não apenas no extraordinário, mas também no cotidiano.

No entanto, essa percepção nem sempre é constante. Há momentos em que a solidão se faz presente, mesmo em meio à vastidão da criação. Por que, em um universo tão conectado, sentimo-nos tão sós? Essa questão, que muitas vezes surge como um peso, pode também ser um caminho para a reflexão. Talvez a solidão não seja uma ausência, mas um chamado. Um convite a olhar para dentro, a buscar no silêncio interior aquilo que os olhos não veem e as mãos não tocam. É como se a distração das coisas externas nos afastasse do essencial, e a solidão fosse uma oportunidade de reencontrar o que realmente importa: a conexão com o Divino.

Nessa jornada, aprendemos, pouco a pouco, o verdadeiro significado do amor. Não o amor superficial ou condicional, mas aquele que nos foi ensinado pelo Filho Amantíssimo: um amor que transcende as limitações humanas, que une, transforma e liberta. Esse amor, quando sentido em sua plenitude, justifica todas as dores, todas as escolhas e todos os passos dados na caminhada espiritual. Ele é a força que nos move, a luz que nos guia, mesmo nos momentos mais obscuros.

Como expressar gratidão por tudo isso? Talvez as palavras não sejam suficientes. O verdadeiro agradecimento se manifesta na vivência, no trabalho dedicado ao propósito que nos foi confiado, na entrega sincera ao serviço do próximo e na busca constante pela conexão com o Divino. É assim que encontramos Deus: nas estrelas que contemplamos, nos gestos de amor que presenciamos, na simplicidade da natureza e nas palavras que brotam do coração.

Por fim, é importante reconhecer que nem sempre estamos preparados para expressar o que sentimos. Muitas vezes, as reflexões mais profundas surgem de forma espontânea, como um impulso inspirado por forças que não compreendemos completamente. E é nessa espontaneidade que reside a beleza da conexão com o Divino: ela não exige planejamento, apenas entrega. Assim, mesmo sem pretensão, encontramo-nos diante do Pai, oferecendo-Lhe nossas palavras simples, mas sinceras, como um reflexo do amor que habita em nós.

Essa reflexão nos leva a concluir que, independentemente das circunstâncias, estamos sempre sob o cuidado divino. Seja na solidão ou na companhia, na alegria ou na dor, o essencial é manter o coração aberto para sentir a presença do Pai, que se manifesta de infinitas formas, sempre nos lembrando de que o amor é o caminho, a verdade e a vida.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Pausa para Marchar

A vida, em sua dinâmica imprevisível, muitas vezes nos conduz por caminhos que parecem promissores, mas que, com o tempo, revelam-se ilusórios. O desejo de conquistar, de experimentar, de alcançar novos horizontes nos impulsiona, mas também pode nos afastar do que realmente dá significado à existência. Como, então, reconhecer aquilo que, de fato, tem valor?

Em diferentes fases da vida, nossas perspectivas mudam. Na juventude, a empolgação com as possibilidades e a sensação de tempo abundante podem levar a um adiamento da reflexão sobre questões mais profundas. Na fase adulta, as responsabilidades se impõem, ocupando a mente com urgências que deixam pouco espaço para perguntas essenciais. E, na maturidade, muitas vezes olhamos para trás e percebemos o que poderia ter sido vivido com mais consciência. O tempo segue seu curso e, se não paramos para questionar, corremos o risco de perceber tarde demais que não nos dedicamos ao que realmente importa.

Por que estamos aqui? O que realmente nos preenche? Nossas escolhas refletem o que valorizamos de verdade ou apenas seguimos o fluxo da rotina?

Nem sempre é fácil encontrar essas respostas. O mundo nos envolve com suas demandas, seus apelos constantes, e é comum que apenas em momentos decisivos nos detenhamos para olhar para dentro. Mas, independente do momento da vida em que estejamos, há sempre espaço para a reflexão.

Se pudéssemos dedicar mais tempo a esse exercício, talvez víssemos com mais clareza o impacto de nossas decisões. Nossos relacionamentos seriam mais genuínos, nossas prioridades estariam mais alinhadas com aquilo que nos realiza de verdade. Mas a vida não se constrói apenas no pensamento — ela se manifesta na ação. E, à medida que nos colocamos disponíveis para contribuir, as oportunidades de fazer a diferença se apresentam.

A construção de um mundo mais equilibrado e significativo pode parecer um ideal distante, mas ela começa nas pequenas escolhas cotidianas. Quando buscamos agir com mais consciência e propósito, percebemos que cada atitude, por menor que pareça, tem o potencial de transformar o caminho adiante.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Canto do Mosteiro

No silêncio dos jardins floridos de uma prisão de portas abertas,
o monge encontra-se só, mesmo no meio dos irmãos.
Não lhe é permitido expressar por palavras as ideias,
em forma de oração se unem as suas mãos.

Não lhe é imposta a ação da penitência,
mas aceitar as leis do local, que não foi fácil alcançar.
No hoje, vive um não entendimento do ontem,
e a quem pensava pertencer, não se deixa enganar.

O corpo se alimenta ao respirar o ar puro.
A criança de inspiração plena renasce para amar.
A expiração elimina o lixo, trazendo o equilíbrio,
e o encontro do Eu vai-lhe transformar.

A escuridão do interior se abre para a luz,
a loucura do desconhecido invade o espírito.
Ao inverter a polaridade que conduz,
a batalha exige entendimento infinito.

A resposta da questão é única e pura.
Para falar, não há forma ou expressão.
O caminho é uníssono na escrita da vida:
vive o sacrifício e alcança a libertação.

Para o monge que leu,
no jejum da alma,
o silêncio das estações ensurdeceu,
e o mal morreu na calma.

terça-feira, 11 de março de 2008

Uma carta para o futuro

Meus filhos,

A vida nos conduz por caminhos que nem sempre compreendemos, mas o amor nos liga de formas que ultrapassam o tempo e o espaço. Desde antes de conhecer seus rostos, antes mesmo de ouvir suas vozes chamando por mim, eu já os amo. Esse amor não precisa de certezas para existir, pois ele se fortalece na esperança e se manifesta na vontade sincera de ser alguém melhor para vocês.

Não controlo o tempo, mas faço o possível para que, quando nossos passos se cruzarem, eu esteja pronto para ser o pai que merecem. Sei que a vida tem seus mistérios e desafios, mas também sei que o amor tem uma força que atravessa todas as barreiras.

Imagino o dia em que poderei segurar suas pequenas mãos, compartilhar sorrisos e enxergar nos seus olhos a beleza da existência. Imagino a alegria de sua mãe ao vê-los crescer, o brilho no olhar de seus avós ao sentirem sua presença. Imagino o futuro e, mesmo sem saber como será, sei que em meu coração já existe um espaço que sempre pertenceu a vocês.

Se, de alguma forma, puderem sentir essa mensagem, saibam que o amor que tenho por vocês já está em cada pensamento, em cada escolha e em cada sonho. Onde quer que estejam, recebam minha bênção e a certeza de que, quando o tempo certo chegar, meu abraço será para sempre o lar de vocês.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Da dor à gratidão

Em um vilarejo tranquilo aos pés de uma montanha vivia um jovem chamado Samuel. Ele era conhecido por sua bondade e dedicação à família, mas, após a perda de sua amada esposa, Clara, Samuel mergulhou em um profundo luto. Dias e noites se passavam enquanto ele vagava pela casa, sentindo-se perdido e sem propósito. A dor da perda era tão intensa que ele já não via razão para continuar vivendo. Até que, em um momento de desespero, Samuel decidiu procurar o Pajé Kael, um sábio ancião que vivia no topo da montanha e era conhecido por sua capacidade de guiar corações aflitos.

Com passos lentos e o coração pesado, Samuel subiu a montanha. Quando finalmente encontrou o Pajé Kael, este estava sentado à beira de um riacho, observando a água fluir. Samuel aproximou-se e, com lágrimas nos olhos, desabafou:

— Pajé, minha esposa partiu, e com ela, levou minha alegria. Não consigo mais viver assim. A dor é insuportável. O que devo fazer?

O Pajé olhou para ele com compaixão e respondeu:

— Do que adianta tanta lamentação? Será que isso vai trazer sua esposa de volta? Eu te digo: não trará. A dor da perda é como uma tempestade que varre tudo ao seu redor. Ela pode ser avassaladora, mas não vai te matar, a menos que você permita. E se você escolher seguir o caminho da autodestruição, saiba que o sofrimento não terminará. A vida é um ciclo eterno, e fugir dela só trará mais dor.

Samuel ficou em silêncio, sentindo o peso das palavras do Pajé. Ele então perguntou:

— Mas como posso suportar essa dor que parece consumir minha alma? Como posso seguir em frente sem ela?

O Pajé sorriu gentilmente e respondeu:

— A dor do luto é como uma ferida profunda na alma. No início, ela sangra, dói e parece que nunca vai cicatrizar. Mas o tempo, meu amigo, é o maior curador. Ele vai fechar essa ferida, mas você precisa fazer a sua parte. Sobreviva. Alimente-se, mesmo que não tenha vontade. Converse com alguém, mesmo que não queira. Leia livros do seu povo que te inspirem a refletir sobre a vida e a morte. Caminhe pela manhã e sinta o calor do Sol, que nasce todos os dias para lembrar que há sempre uma nova chance.

Samuel baixou a cabeça, sentindo-se um pouco envergonhado. O Mestre continuou:

— A dor também tem sua beleza, Samuel. Ela vem de um amor verdadeiro, e hoje em dia, poucos são capazes de amar de forma tão profunda. Você é valioso por isso. Chore, sim, chore muito. Mas não chore apenas pela ausência dela. Chore pelo amor que vocês compartilharam, pelas memórias que construíram juntos. Celebre a vida que ela teve, e não apenas a dor da sua partida.

O homem olhou para o Pajé, sentindo um leve alívio em seu coração. O Pajé então finalizou:

— Valorize-se, Samuel, mas cuidado com o orgulho. Ele pode te cegar e fazer com que sua queda seja ainda maior. Torne-se uma pessoa melhor a cada dia. No momento certo, você encontrará paz. Aprenda com o que sente, mas não se perca na lamentação. A vida é uma jornada, e você ainda tem muito para viver. Sua esposa não gostaria de ver você parado no tempo, sofrendo eternamente. Ela gostaria de ver você seguindo em frente, honrando o amor que vocês tiveram.

Samuel deixou a montanha naquele dia com o coração mais leve. Ele seguiu os conselhos do Mestre: começou a caminhar ao nascer do Sol, leu livros que o inspiraram, conversou com amigos e, aos poucos, a dor foi se transformando em gratidão pelas memórias que ele e Clara haviam construído juntos. Ele percebeu que a vida era feita de ciclos, e que cada perda era uma lição para torná-lo mais forte e sábio.

Anos depois, Samuel tornou-se um homem sereno, cheio de histórias para contar e um coração aberto para viver novamente. E sempre que via alguém perdido em sua própria dor, ele compartilhava a lição que aprendera com o Pajé Kael: "Aprenda com o que sente, mas não se perca na lamentação. A vida é bela, mesmo quando dói. E o amor verdadeiro nunca morre, ele apenas se transforma em memória e gratidão."

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Por Amor e Misericórdia

A vida é uma jornada que exige, acima de tudo, fé. Não apenas uma fé distante ou teórica, mas uma crença viva e pulsante no bem, que se manifesta nas situações mais simples do cotidiano até nos momentos mais surpreendentes. É essa fé que nos permite dar passos firmes, mesmo quando o chão parece incerto. Ela nos guia, evitando desvios desnecessários, embora alguns sejam inevitáveis, frutos de nossa condição humana ainda em evolução.

Os desvios, por mais dolorosos que possam ser, não são em vão. Eles nos custam tempo, alegria e, por vezes, paz. No entanto, carregam consigo lições preciosas para nosso crescimento. O segredo está em não perder de vista o destino que almejamos. Afinal, cada tropeço pode ser um degrau para algo maior, desde que mantenhamos o foco e a disposição de aprender.

Há uma força maior que rege o Cosmos, uma energia infinita e incomparável, que nos concede a dádiva da Misericórdia. Essa força nos permite experimentar o vasto "cardápio da vida", com seus sabores doces e amargos. É através dessas experiências que desenvolvemos discernimento, aprendendo a distinguir o que nos eleva daquilo que nos arrasta para as sombras.

Assim como o corpo sofre com o consumo inadequado de alimentos, nossa essência também padece quando nos aventuramos por terrenos pantanosos, onde a luz parece escassa. Nessas horas, o retorno ao equilíbrio pode ser rápido ou demorado, dependendo da intensidade de nossos excessos. Mas uma coisa é certa: sempre há um caminho de volta, uma oportunidade de recomeçar.

Por isso, é essencial saber pedir. A oração e a intuição clara são ferramentas poderosas que nos conectam ao Amor Divino. Esse Amor transforma nossa caminhada em um aprendizado constante, onde até os erros cometidos por ignorância se tornam degraus para o crescimento. Com a medida certa de sabedoria, cada tropeço passa a servir não apenas a nós, mas também àqueles que caminham ao nosso lado: nossos irmãos em humanidade.

Errar é humano, mas há uma diferença crucial entre errar com o coração cheio de Boa Vontade e errar por negligência ou má intenção. No primeiro caso, mesmo os equívocos contribuem para o desenvolvimento da sabedoria. No segundo, o risco é cavar a própria queda, distanciando-se da luz que habita em cada um de nós.

Que possamos, então, caminhar com fé, discernimento e amor, transformando cada passo, cada escolha e cada desafio em uma oportunidade de crescimento. Afinal, a vida é mais do que uma simples jornada: é uma escola onde aprendemos, juntos, a ser melhores a cada dia.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Saudades...

Quantas vezes você já se pegou revivendo o passado, preso em memórias que parecem não deixar espaço para o novo? É natural que, em algum momento, nossos pensamentos se voltem para o que já foi. Afinal, o passado é parte de quem somos. Mas ficar preso a ele pode nos impedir de viver plenamente o presente e, assim, comprometer o futuro que ainda está por vir.

Viver o agora é um desafio, especialmente em um mundo que nos cobra constantemente planejamentos e projeções. No entanto, é no presente que construímos a base para um amanhã mais leve e significativo. Se não dermos atenção ao hoje, corremos o risco de, no futuro, olharmos para trás e sentirmos o peso de um tempo que não foi bem aproveitado.

Mas e a saudade? Ela tem seu lugar. Quando firmada em sentimentos verdadeiros e especiais, a saudade não é um fardo, mas um tesouro. Ela nos conecta com histórias que nos moldaram, com pessoas que nos tocaram e com momentos que nos fizeram sentir vivos. Sentir saudade é uma forma de valorizar o que vivemos, de reconhecer que cada experiência, boa ou difícil, contribuiu para a pessoa que somos hoje.

Permita-se sentir saudade. Ela mora no âmago da alma, e exteriorizá-la pode ser um ato de cura. Em um mundo muitas vezes marcado pela frieza e pela pressa, a saudade nos lembra da nossa humanidade, da nossa capacidade de amar, de sentir e de nos emocionar. Ela nos convida a refletir sobre o amor — não apenas o amor que vivemos, mas o amor que ainda podemos dar e receber.

Pensar no amor é essencial para amarmos melhor. E amar melhor é o caminho para uma felicidade que não se esvai com o tempo, mas que se fortalece a cada dia. A saudade, quando bem vivida, nos ensina a valorizar o que tivemos e a buscar o que ainda queremos construir. Ela nos inspira a olhar para o futuro com esperança, sabendo que o amor é a força que nos move e nos transforma.

Então, sinta saudade, mas não se perca nela. Use-a como um farol que ilumina seu caminho, lembrando-o de que o passado é uma história, o presente é uma oportunidade e o futuro é uma possibilidade. Viva o agora com intencionalidade, ame com profundidade e construa, a cada dia, uma vida que valha a pena ser lembrada.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Quero-me cercar

Em dias de trevas na humanidade,
Os lares são âncoras firmes do coração.
Mas, se nas casas falta a oração,
Como encontrar, em tanta escuridão, a tranquilidade?

Para que haja luz, é preciso caridade,
E, para essas ações de amor e boa vontade,
São necessárias as forças da Divindade.

Buscá-lo-emos no mundo oh Deus?
Em nós, no templo vivo, achá-lo-emos
Sentados à mesa, onde oramos e vivemos,
Chamando os nossos pela intercessão de Jesus!

Que então nos cerquem os trabalhadores do sangue,
Que formam as famílias na Terra do exílio crucificante.
E nos lares, ah, a todo instante,
Encontremos os alimentos fortificantes.

Com toda a força do amor de Deus.
Nas ruas, com a vossa luz, Jesus,
Exerceremos o vosso amor com santidade,
Guiados e inspirados para a caridade.